“É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…” - Paulo Freire
Estamos vivendo um momento desafiador na educação: episódios de violência nos horrorizaram, ameaças estão gerando pânico e suspensão de atividades, o medo se tornou presente. Fica um profundo sentimento de tristeza e a reflexão sobre o que fazer.
Nós entendemos que não podemos admitir que os espaços educativos sejam colocados no exato oposto ao que devia ocupar: de proteção, de escuta, de acolhimento, de convivência, de crianças e adolescentes se desenvolvendo plenamente. Nos recusamos a acolher a imagem de lugar de medo e ameaça à vida. Mas a pergunta fica: o que fazer?
Com a suspensão de aulas nas escolas da região, a Acorde seguiu o movimento de fechamento, mas estamos dedicando este período para problematizar e poder oferecer soluções cada vez melhores para o enfrentamento da questão.
Hoje estivemos com toda a equipe programática no painel "Caminhos de acolhida e participação no enfrentamento a violência contra a escola" realizado pelo Instituto Vladimir Herzog, Memorial da Resistência e Prefeitura de São Paulo.
Ouvir as falas e compartilhar a experiência com outras pessoas nos ajuda a enxergar mais sobre como nossa sociedade têm gerado esse fenômeno de violência nas escolas e como as instituições de educação podem atuar a partir de seu papel, que é o da prática educacional. Como disse o professor José Sérgio, da FE USP, não somos psicólogos nem da área da segurança pública, somos educadores e precisamos atuar na perspectiva da educação, promovendo experiências que nada têm de funcional, não servem a algo a ser colhido no futuro, e sim experiências que vão nos formando, nos constituindo como sujeitos únicos e singulares, e dando sentido a vida hoje.
Percebemos que nossa realidade na Acorde é muito diferente das instituições de educação de ensino formal. Já proporcionamos espaços que fortalecem os vínculos, promovem uma convivência saudável, de respeito e valorização da diversidade e oferecem experiências significativas para o desenvolvimento de cada criança e adolescente. Como disse o Wilson, um dos nossos educadores, a Acorde tem vida, tem cor, tem energia.
Para nós, a história de cada criança e adolescente é única, cada um se desenvolve a seu tempo e se engaja no que vai fazendo sentido para si. Nos cabe mediar esse processo trazendo o mundo e toda sua beleza e diversidade para dentro, assim como discutir com criticidade os movimentos da sociedade, sempre juntos.
Acreditamos que esse é o melhor caminho e seguiremos firmes nessa trilha, potencializando nossas práticas, esperançando dias melhores.
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