As organizações sociais, mais conhecidas como ONGs, apresentam como característica em comum a não distribuição de lucros, isto é, todo o lucro é revertido na própria organização para fins públicos e sociais. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, uma ONG pode contratar colaboradores, vender produtos e serviços. Mas em geral, a doação é “o modelo de negócio” da maioria das organizações.
Toda doação importa. Seja ela de produtos, de serviços ou de tempo, como milhares de voluntários e voluntárias fazem todos os dias contribuindo para diferentes causas e organizações pelo Brasil. Mas é necessário destacar que o que mantém uma ONG em pé, todos os dias, são as doações em dinheiro. Por isso, precisamos falar mais sobre doação e, também, sobre a importância em doarmos com confiança.
Trabalho na Acorde, uma organização que atua naquilo que todas e todos sabemos: educação de qualidade é a ferramenta mais efetiva de transformação social.
Nossa existência é importante para o território que atuamos, mas também para que toda a humanidade possa avançar, um milímetro que seja, sempre que diminuímos a desigualdade no acesso a uma educação integral e de qualidade.
O trabalho realizado pela Acorde, nos mais de 21 anos desde a sua fundação, é um “selo de qualidade” da nossa boa governança, gestão e impacto positivo dos nossos programas na vida de centenas de crianças e adolescentes e suas famílias. Posso atestar: somos éticos e gerimos recursos - igual ou até mesmo melhor - do que muitas empresas.
Do outro lado sempre temos a dificuldade de captar dinheiro, ter novos doadores e doadoras que doem de forma contínua. O paradoxo disso está no mundo virtual. Organizações divulgando o aumento no impacto que realizam em milhares de vidas, o aumento da captação de recursos, prêmios e reconhecimentos, projetos que “sempre” dão resultados expressivos, crescimento, crescimento, crescimento... Fica quase invisível a informação de que, pra isso acontecer, organizações precisam de recursos, precisam de dinheiro. Eu que trabalho com captação de recursos, SEI que está cada vez mais difícil doação de....dinheiro. Simples assim, dinheiro. Dinheiro que a gente precisa pra pagar água e luz, sabe? Dinheiro que a gente decide onde usar por termos conhecimento da causa e do território que atuamos.
É fato que existe um movimento mundial tentando mudar o atual modelo de doação, que historicamente foi pautado sobre uma ótica de poder e controle para uma doação que confia e que permite a mudança profunda a partir da promoção do protagonismo das lideranças e organizações sociais, deixando para eles decidirem a melhor maneira de utilizar as doações recebidas. Para conhecer uma excelente iniciativa nesse sentido aqui no Brasil, recomendo o Movimento por Uma Cultura de Doação.
Mas entre esse futuro equitativo e a realidade do cotidiano, ainda existe um abismo na divisão do poder entre doadores e organizações sociais e algumas reflexões permanecem e valem ser relembradas:
· Por que muitas pessoas se sentem incomodadas quando pedimos doação, ainda mais se de dinheiro?
· A pessoa que pede dinheiro num grupo é sempre vista como “inconveniente”. “Aquela da qual devemos não falar”. Já recebi mensagem de um amigo falando que eu só “peço dinheiro”. E ele está certo. Peço, peço sempre e peço também que não seja uma única doação, que doe todo mês. O que eu não respondi pra este amigo é que mesmo pedindo sempre, o fato é que quase ninguém da minha rede doa. E por quê? (todos temos altos e baixos e dinheiro não está fácil pra ninguém. Mas para além desta realidade que muitos de nós estamos vivendo, existem muitas pessoas que podem doar todo mês pra uma organização social, sempre lembrando que a doação média brasileira é de R$20 reais por mês, sem que isso impacte negativamente o seu orçamento).
· Por que pessoas que investem todo mês olhando para o próprio futuro, não podem investir no futuro que compartilham com a sociedade? Doar é isso. É um investimento que gera lucro social.
· Por que temas ligados a doação e destinação de impostos para organizações sociais, não têm destaque nos canais de comunicação? A quem a comunicação deveria servir? Um exemplo simples é que o potencial de destinação do imposto de renda pago por pessoas físicas, cujo potencial é de 8 bilhões de reais e somente 200 milhões foram destinados no ano passado. Um direito – o de escolher onde o dinheiro que pagamos de imposto é usado – não usufruído.
Enfim, essas reflexões não buscam respostas, afinal, para problemas estruturais complexos sempre existem conclusões simples, objetivas e.... erradas.
A intenção deste texto é de uma reflexão básica sobre um trabalho realizado por milhares de organizações e profissionais, tão importante para a promoção de um país justo e amoroso para todas e todos os seus cidadãs e cidadãos e, ao mesmo tempo, “escondido”, conhecido por poucas pessoas. É também um pedido de participação, das pessoas e empresas, nas mudanças sociais e ambientais que queremos ver em nosso Brasil.
Seu presente e seu futuro serão melhores por causa do trabalho que nós, do setor social, realizamos.
Confie.
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