“Em 2001 fundei com um grupo de jovens, uma organização social com foco em mobilização juvenil. Gerir em grupo foi uma grande aventura! Foram anos de lindos projetos repletos de resultados, de intensidade, muitos erros e de muitos aprendizados. A ênfase era no que achávamos que era importante fazer, no que acreditávamos e no que brilhava nossos olhos. O resto a gente ia fazendo e lidando como podíamos.
Passei quase seis anos empreendendo essa organização. Foram anos incríveis e exaustivos. Tudo o que queria quando eu saí era um trabalho tranquilo, seguro, com contornos bem definidos, hora pra trabalhar, clareza do meu papel, ter uma gestora pra me apoiar e não precisar mais me sentir responsável por tudo.
Antes de trabalhar na Acorde, atuei por sete anos como consultora para o desenvolvimento de organizações sociais e de investimento social. Em setembro de 2020, em plena pandemia, assumo o papel de diretora executiva em uma organização pequena e com atuação local.
Alguns dos aspectos fundamentais que sustentam em minha prática hoje consigo ver seu despertar naquela primeira aventura. Como princípio, sigo com forte senso de compromisso e uma busca viva de consistência e verdade no que estamos nos propondo a fazer, enquanto ação social transformadora. Sigo fiel à valorização do protagonismo das pessoas e comprometida com a promoção da sua capacidade de realizar um trabalho autoral, no qual cada um e cada uma acredite e se identifique. Por fim, sigo acreditando na potência da experiência educativa como transformadora dos sujeitos envolvidos e do mundo e encantada a cada vez que vejo isso acontecer.
Ao mesmo tempo, vejo que a experiência e maturidade me ajudaram na lida com as tantas questões que se apresentam na complexidade e intensidade do dia a dia de uma organização social. Me percebo mais empática e acolhedora com o processo de desenvolvimento das pessoas. Em momentos difíceis, sou capaz de me manter vinculada, de ver o potencial que reside em cada um e procurar as soluções. Me vejo também capaz de perceber e acolher minhas próprias contradições, minhas limitações, sou capaz de refletir e aprender sobre minha prática. Mas acho que o que mais mudou em mim é que me vejo mais aberta e capaz de acolher a realidade, os limites e os desafios da organização, entendendo seu caminho de desenvolvimento como vivo, não linear e como verbo, no gerúndio, que se faz a cada passo.
Muito diferente de 20 anos atrás, hoje o setor também conta com uma estrutura mais robusta, uma estrutura de conhecimento específico e referências para a gestão de organizações sociais muito maior. Eu trouxe para a Acorde uma bagagem de conhecimentos e experiências prévias que tenho colocado em prática. E o que percebo é que a cada avanço na gestão que somos capazes de fazer, que há propostas ainda mais sofisticadas que podemos implementar e nos beneficiar como organização.
Há um grande movimento provocando as organizações do setor a se “fortalecer” e se profissionalizar. Claro que alguns deles nascem do pressuposto de desconfiança que perpassa a relação de parte da sociedade com as organizações sociais, mas muitos deles são propostas que, de fato, podem ajudar a organização a se aprimorar, ter uma atuação mais relevante, uma gestão mais organizada e ser mais sustentável, com uma boa governança, ter uma boa equipe, engajada, capaz de fazer seu trabalho e orgulhosa disso.
Penso que é esse esforço que tenho feito, em parceria com cada pessoa da equipe, especialmente os envolvidos na gestão, em parceria com mentores e pessoas mais sabidas em questões que ainda não conseguimos resolver com solidez internamente.
Não é fácil e nem simples, o processo é cheio de desafios, de diversas ordens, mas poder viver isso de dentro e ver o impacto disso em todas as pessoas envolvidas é de uma alegria enorme e me sinto honrada em poder estar onde estou”.
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